É Natal!
Caem pétalas de neve no meu peito
que queimam meu ser
que estalam logo ao teu calor…
É a tua mão, meu amigo
a tua voz, o teu sorriso
o teu desejo, bom Natal!
Caem pétalas de neve aos meus pés
que aquecem meu andar
que estalam ao teu abraço..
É Natal!
Estamos juntos, amigo
num abraço, num sorriso
num olá na tua voz….
É Natal!
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Chove lá fora!
mas na penumbra da tarde
por trás das árvores sem cor
nessa gruta tão escondida
brilham estrelas
chega Jesus.
Chove lá fora!
meu ser treme com o vento
mas caminho para o abraço
que me enrola que me aquece
caminho para o menino sem pão
sem nome sem lar sem Natal
vou levá-lo ao Menino da gruta…
E tu?
Vem daí.
vem comigo.
Chove lá fora!
***
O NATAL VAI CHEGAR ATRASADO
Sente-se que vai chegar o Natal
há nas ruas anúncios e colorido
e a televisão mostra sempre coisas bonitas
são estrelas bolas fitas e presentes
reclames de encantar os meninos
dos que escrevem cartas ao Pai Natal
que traz brinquedos a quem já tem brinquedos.
Sente-se que está a chegar o Natal
há geadas no cimo dos pinheiros
há dedos gelados nos meninos
que mandam cartas de papel e sonho
há ruas que brilham com pérolas de néon
a impedir o brilho da estrela que não vem.
Sente-se que vai chegar o Natal
não nos olhos das crianças ranhosas
que nos cortam o passo nas cidades
não na angústia das mulheres sem casa
mulheres sem sonhos nem ilusões.
Sente-se que está a chegar o Natal
acredita-se na fraternidade universal
e que todos os homens vão ser iguais.
Para a fome e as crianças ranhosas
para os solitários e abandonados
para os rejeitados e adjectivados
no superlativo de interioridade
o Natal vai chegar atrasado.
Acredita-se na fraternidade universal
mas o Natal vai chegar atrasado.
Textos: Rosalina Oliveira