Percorrer as ruas da nossa terra e parar em Modelos. Ali no centro à espera de atenção a casa do Barreiro, dominadora urbana de um centro que mantém a memória da nossa gente e explica como progredimos nos passos da história – de uma sociedade agrícola, para a terra industrial, e agora um misto social, revelador de uma sociedade aberta onde encontramos expressões possíveis com o progresso da economia e a abertura política de 1974.
Integrada hoje na cidade de Paços – por decisão administrativa que garantia (e garante) a necessária protecção da identidade da localidade – Modelos apresenta-se como testemunho de uma história (a nossa) e merece um carinho especial, até porque dali saiu muito saber e investimento de particulares com forte impacto no concelho.
Passamos por Modelos e ficamos com a ideia de ali existir um “capital de queixa” que o reduzido número de eleitores, ao longo dos anos, talvez explique.
Apesar disso, o Centro de Dia que de tarde funciona, a recente igreja de Santiago e o bairro promovido pela associação Paços 200 são referências de sucesso de cariz social que tecem as interligações desta comunidade.
Vem isto a propósito de uma pequena conversa que tivemos com o senhor Torres, habitante dali que, na clarividência dos seus 92 anos, nos deu a sua leitura das coisas dos dias, agradado que estava por ver qua a “coisa” (pública) mexe, nestes tempos novos, de muitas conquistas.
Ele tem a leitura do tempo que foi e percebe o que vem aí. E lembrou-nos que nestas coisas das obras há um princípio que não sendo uma regra económica é um ditado da vida: “Gema o dono, não gema a Obra”. Acreditar assim no dia de amanhã, justifica a acção política e aponta para horizontes que é preciso manter. Ou conquistar
No centro de Modelos, está a casa do Barreiro – propriedade da junta de freguesia por doação – uma oportunidade para oferecer à terra uma imagem de civilização que sirva de bandeira e aprofunde (porque explicadora) a identidade de uma comunidade que precisa de uma bandeira estética. Orgulho de quem ali sempre pertenceu, e imagem de afirmação pelo respeito merecido de tantas gerações que fizeram (fazem) a história da terra.
Ao lado de Modelos, buscamos em Vilela memórias muito antigas para recordarmos os itinerários feitos a pé pelos nossos avós que para ali se deslocavam diariamente para a primeira fábrica de móveis da região (foi nessa fábrica que se desenharam e fizeram os móveis da Assembleia da República!).
De Vilela para Modelos (à entrada), encontramos a fábrica de Agostinho Ferreira Leal, hoje remodelada e que constitui uma referência do nosso imaginário. Quantas centenas de famílias, de Modelos, Ferreira e Freamunde têm este nome no baú das suas melhores recordações?
As antigas escolas, hoje objecto de recuperação, vão ter agora no espaço do antigo recreio um “parque de merendas”, ali ao lado do bairro de Santiago. Que do encontro das pessoas saiam novas ideias e projectos, se calhar obras para que o “dono” gema, mas o investimento se faça, no benefício de todos. Gostámos de ir a Modelos.