Outrora, a 8 de Dezembro também por cá se considerava o Dia da Mãe. O dia e Festa da Imaculada Conceição sempre se continuou a celebrar e contando sempre na sua organização com uma comissão de jovens solteiros. Hoje apenas se celebrou a Missa Solene na Igreja do Divino Salvador, e não, como habitualmente, na Capela de S. Francisco, devido às condições impostas pela pandemia.
A procissão não pôde fazer o habitual percurso até à Rotunda do Cruzeiro, no Alto da Feira. O povo não pôde prestar o seu culto e devoção à santa que venera na rua. Procissão que é concluída com a passagem dos sons divinos interpretados pela Banda de Freamunde.
Momento em que ficávamos a saber quem eram os músicos mais novinhos a entrar para a nossa Banda. Dia de regozijo e muita felicidade para eles, os seus familiares, a instituição, e, claro está, para os Freamundenses, satisfeitos por saberem que o nobre “sangue azul” continua a pulsar nos acordes da primeira arte.
Para alguns, era conhecida como a “Festa do Senhor Ramiro”, saudoso, por aí ser ponto de encontro de amigos que aí confraternizavam entre uma sande de presunto, petiscos e uma pinga de vinho. Durante alguns anos esta parte da alma da festa deixou de existir.
Através das comissões das Sebastianas este espaço regressa na Festa da Senhora da Conceição e trouxe de novo o usufruto e um saborear de momentos por muitos aí vividos, bem como outro espaço na antiga casa do senhor Luís Teles de Menezes. É aqui que as comissões das Sebastianas são pela primeira vez “avaliadas”. Deixa ver que vinho é que eles arranjaram para a Santa Luzia, dizem alguns, enquanto já provam os rojões e as papas de sarabulho. É em Dezembro, já está frio, lá se bebe mais uma pinga que desinibe no reencontro com os amigos que já não se vêm há algum tempo.
As Sebastianas são como que as festas de Freamunde, a Festa da Senhora da Conceição é a festa dos Freamundenses, é tudo mais “caseirinho”, quase só prata da casa, gente que vibra com as novidades do repertório que a Banda de Freamunde apresentou, com o nosso Hino, com as músicas de Natal que ganham um maior brilho e significado, que sabem onde é o melhor local para ver os ferreirinhos, que já não são como antigamente, como lamentam o “Quim Manel da Bombeira” e o “Tónio Laréu”, sempre prontos para trocarem as voltas ao fogueteiro.
O vinho acaba quase sempre por ser aprovado, pelo menos por alguns, os últimos a se irem embora, que amanhã é dia de trabalho e dia 12 temos a noitada da Santa Luzia. Mais uns foguetes a rebentar e um provérbio a recordar: Conceição de chuva, Luzia de sol. Conceição de sol, Luzia de chuva…
Em 2020 o provérbio não faz sentido, nem é necessário. Tudo muito nublado, por dentro. Em 2021, quer faça chuva, quer faça sol, voltamos à Missa Solene na Capela de S. Francisco, a Banda volta a tocar na procissão e palco, vamos apagar a “sede” de estarmos juntos, mais uma rodada do tinto, mais duas dúzias de castanhas, dois doces e três rosquilhos… acho até que os ferreirinhos vão querer voar, saudosos, para aqui poderem estourar.
Texto: Pedro Ribeiro
Fotos: Carlos Cherina
O povo não saiu à rua. Mas promete voltar.
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Senhora da Conceição
Patrona dos “ferreirinhos”
Madrinha, por adopção,
Dos músicos mais novinhos
– Rodela
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A Festa Litúrgica de Senhora da Conceição