Para aqueles que não sabem quem foi um dos maiores trovadores portugueses. António Pedro da Silva Chora Barroso (Lisboa, 28 de Novembro de 1950), artisticamente conhecido por Pedro Barroso, é — não foi — um cantor, autor-compositor e músico português. Tendo nascido em Lisboa, Pedro Barroso cresceu em Riachos, terra natal do pai, professor do Ensino Primário. Faleceu há um ano (16 de Março de 2020).
Completou o curso de Educação Física em 1973 na Instituto Nacional de Educação Física, actual Faculdade de Motricidade Humana, e foi professor dessa disciplina no Ensino Secundário durante mais de 20 anos.
Viria mais tarde a obter um diploma de pós-graduado em Psicoterapia Comportamental, em 1988, tendo trabalhado na área da Saúde Mental e Musicoterapia durante alguns anos. Foi, neste campo, pioneiro no ensino de crianças surdas-mudas, numa escola de ensino especial de Lisboa.
Membro activo da comunidade artística e musical integrou a direcção do Sindicato dos Músicos e foi autor, em 2002, do polémico Manifesto sobre o estado da Música Portuguesa que teve audições junto de todos os Grupos Parlamentares na Assembleia da República e do então Presidente da República, Jorge Sampaio.
Desde 2003, é membro dos corpos gerentes da Sociedade Portuguesa de Autores, na direcção presidida por Manuel Freire. Barroso já foi convidado a dar palestras sobre a Cultura Portuguesa nas Universidades de Nijemegen, Estocolmo, Toronto e Budapeste. Pedro Barroso é pai do também cantor Nuno Barroso, vocalista dos Além Mar.
Aos quinze anos estreava-se na rádio, fazendo teatro radiofónico com Odette de Saint-Maurice, na Emissora Nacional.
Em Dezembro de 1969 era um dos cantautores revelados pelo Zip-Zip, programa da RTP. Em 1970 apresenta o primeiro disco, um EP denominado Trova-dor. Vai para o Teatro Experimental de Cascais nesse ano. Sob a direcção do encenador Carlos Avilez, participa como actor nas peças Fuenteovejuna, de Lope de Vega, e Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente, juntamente com José Jorge Letria e António Macedo.
Grava alguns singles para a Valentim de Carvalho. O seu primeiro álbum de longa duração é editado em 1976, pela Diapasão/Sassetti, com o título Lutas Velhas, Canto Novo. Segue-se o álbum Água Mole Em Pedra Dura em 1978. No ano de 1979 lança o single “Em Ferrel/Canção Para O Rio Almonda” e participa no Festival da Nova Canção de Lisboa. O álbum Quem Canta Seus Males Espanta foi editado em 1980. A canção “Canção Para O Rio Almonda” seria distinguida com o Troféu Karolinka no Festival Menschen und Meer, realizado na antiga RDA, em 1981. Em 1981 colabora num LP publicitário da cerveja Sagres intitulado Venha Cantar Connosco – 15 Canções de Convívio e Amizade onde interpreta um tema de sua autoria chamado “A Narça”. Neste disco colaboraram, entre outros, Maria Guinot, Tózé Brito, Nicolau Breyner ou Tossan. Barroso participou, em 1982, no Festival da Canção da Rádio Comercial com “Cantar Brejeiro”.
Em 1983 obteve um grande sucesso com a canção “Ai Consta”.
Em 1987 é lançado o LP “Roupas de Pátria Roupas de Mulher”. Recebe o prémio para a melhor canção desse ano com “Menina dos Olhos d’Água”. No ano seguinte sai o disco Pedro Barroso. A editora Ovação lança em 1990 uma compilação com temas dos discos Água Mole Em Pedra Dura e Quem Canta Seus Males Espanta. A seguir foram editados os discos Longe d’Aqui (1990), Cantos d’Antiga Idade (1994), Cantos d’Oxalá (1996) e Criticamente (1999). Em 2001 é editado o CD Crónicas da Violentíssima Ternura. O álbum De Viva Voz, gravado ao vivo, foi editado em Dezembro de 2002. Em 2004 celebrou os 35 anos de carreira com a edição do CD Navegador do Futuro. O disco-duplo Antologia 1982-1990 foi editado em 2005 pela Movieplay. Em 2008 lançou o disco Sensual Idade, sobre os seus quarenta anos de carreira.
Autor da larga maioria das letras e das músicas que interpreta, é possível encontrar entre as cantigas de Pedro Barroso, trabalhos de autores como Cesário Verde, Sophia de Mello Breyner Andresen e até do Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, no tema “Afrodite” ou “Nasce Afrodite Amor, Nasce o teu Corpo”, incluído no álbum Água Mole Em Pedra Dura de 1978 e no DVD “40 Anos de Música e Palavras”, de 2009. Cantou em praticamente todas as grandes salas portuguesas (Coliseu de Lisboa, Aula Magna, Teatro Circo de Braga, Teatro Sá de Miranda em Viana do Castelo, Fórum Lisboa, Teatro Rivoli, Pavilhão Atlântico, etc.), bem como em todo o país e ainda na Alemanha, Bélgica, Brasil e outros países.
Viva quem canta. Ele canta, ele vive.
Costa Guimarães, jornalista