VAI UM COPO? NÃO, É PROIBIDO !
Quando se bebe vinho? Nos eventos sociais, restaurantes, jantares românticos… Quando se está na companhia de gente chata. Quando se está sozinho em casa e se deseja uma boa companhia. Já agora, aqueles que são empurrados para a rua e também querem companhia. Mas isto, segundo o governo, já era. Pois. O vinho, acalmando a alma, ainda te dá para a filosofia e concluis que o governo é uma merda e como tal só tem ideias de merda. Pior: quer o vinho todo só para ele e tu não bebes nada. Bebe água, dizem que é mais barato. Há bêbados e bêbados.
Os intelectuais gostam de beber vinho em casa. Outros bêbados gostam de emborcar na rua. Ok, hermanos! Estais em medidas de contenção, e sendo assim, o governo, com as suas ideias de merda, proíbe bebidas alcoólicas na via pública. Parece que o vírus gosta de bêbados de rua. Quem diria? Ah, vírus, tão elitista te fizeram e agora andas a tentar fazer o 4 na rua? Deixa-te de figuras tristes.
Será que também é proibido beber em casa? Não sei, mas se proibirem, aqui no monte estão mal, se vierem fiscalizar ainda acabam no forno a lenha, sem pinga que lhes valha. Como todos sabem, de cada vez que assistimos a peças humorísticas, apetece um copo. Aí vai o teatro humorístico, a suma comédia: vão para casa, que o governo promete “apoio à família”, aos pequenos empresários, blá, blá… blá, blá… Esta é a parte gorda do riso. Brindem, carago!
Queriam Happy New Year? Queriam. Hermanos, fiquem lá com a censura e a comédia que vos proíbe um copo, paredes dentro, ou paredes fora, até que fique apenas a ameaça salgada de um pavor curtido em vinho palheto, qual croquete que nem tem direito a uma pitada de mostarda. Mas por este andar, não tarda o dia em que todos seremos santos, candidatos perfeitos à dormência da ditadura, sorvendo água com palhinhas, armados com uma fita métrica para salvaguardar a distância social. Sai daqui humano, estás bem é sozinho. Olha: tens direito à cereja. Bebe um copo, ninguém te vai denunciar.
Só falta uma promessa. Qual promessa? A minha. Todas as noites desta treta vou beber um copo debaixo das alfarrobeiras. Como testemunha, apenas a Lua, mas ela não é língua de escalho. E se aparecer alguma companhia humana armada de fita métrica, beba um copo e não me lixe o espírito. Vai-se a ver ainda vamos os dois “assassinar generales”. É pelo direito de “vivir em paz”, como cantava o Víctor Jara.
Por Leonor Fernandes